A revista Premiere anunciou no passado dia 18, no respectivo
blog, o fim da sua publicação. Fico muito triste, por várias razões. A primeira remeter-se-á para o facto da ser a única publicação periódica de cinema em Portugal. Desde que comecei a interessar-me por cinema que compro a Premiere. Tenho que confessar que nunca gostei da sua exclusividade no mercado, porque se notava a falta de concorrência nos textos lá publicados (dizia-se bem demais de tudo o que fosse mainstream, o que não era culpa da redacção claramente). No entanto, sempre fui fiel à revista, era um ponto de referência para pessoas que, como eu, gostam de estar actualizadas em matérias de cinefilia. Foi com a Premiere e com a sua leitura continuada que apanhei o gosto pelo cinema europeu, pelo
indie, aprendi a respeitar realizadores e actores, a valorizar fotografia e música na tela, e foram tantas as vezes em que as críticas me chamaram a atenção para pormenores cruciais num filme. Vou sentir falta das críticas, do Criswell, das entrevistas, das reportagens, livros, BSO’s, oh... e das incomparáveis notas de Virgínia Mel nas “Cenas Quentes”. Enfim, é o fim de uma longa história!
Outro aspecto que entristece é o lugar do cinema em Portugal. Nunca acreditei que pudesse haver mais do que uma publicação especializada no país, mas daí a não haver nenhuma… Recordo-me do brevíssimo período de vida da Primeiras Imagens, a única concorrente directa que eu conheci da Premiere, esteve nas bancas há uns anos, durante poucos meses, e depois desapareceu. Ninguém se lembra sequer.
Fico muito triste e vou sentir saudades da Premiere. Não porque a venere mas porque não há nenhuma igual.